Quem sou eu?

Aprendendo com quem já morreu.
Reavaliando meu modo de viver.

Rev. Prof. Makoto Ichiraku
Universidade Otani (Kyoto – Japão)

pensativoSe alguém (que se diz vidente) falasse assim: “Sabe, aquele seu antepassado de cinco gerações passadas? Ele está rogando praga em você!” Certamente a maioria levaria um susto, mas acreditaria. Mas se falassem: “Sua mãe falecida está lançando uma maldição sobre você”? A maioria das pessoas responderia indignada: “Minha mãe não é esse tipo de pessoa!” Ou seja, aceitar que um antepassado está em perdição, ou que está rogando alguma praga, demonstra que o nosso coração não conseguiu assumir a morte dessa pessoa. Assim, alguém aproveitando essa insegurança sugere maldições e magias, cujo apaziguamento geralmente dinheiro.

Quem morreu não porta mais emoções. Portanto, não exigirá isso ou aquilo no altar, nem vai ameaçar dizendo que se você não fizer isso ou aquilo, vai assombrá-lo. Mesmo assim, nós que estamos vivos, por conta própria pensamos que é necessário fazer alguma coisa pelo falecido e projetamos.

Sob determinado ângulo, se preocupar em cultuar os mortos parece valorização do falecido. No entanto, o verdadeiro propósito pode estar no pedido de proteção para a própria vida, proveniente do medo de atrair alguma maldição para si. Será que na maioria das vezes não é esse o caso? Pois, a valorização do exorcismo e culto aos antepassados baseia-se nisso.

A pessoa que morreu, através da sua própria morte está transmitindo para nós que todo ser vivente morrerá um dia, e está questionando como queremos viver nossa existência limitada. Quando mais próxima era a convivência com esse falecido, mas sentimos essa questão. Nós só conseguimos começar a pensar direito sobre a nossa própria vida, quando nos defrontamos com a morte de alguém próximo.

Visitar o túmulo, participar de um rito memorial de um ente querido nada mais é do que uma oportunidade importante para através da vida dessa pessoa, poder reavaliar a nossa própria maneira de viver.

(Ordem Otani do Budismo Shin - Instituto Shin Budista de Estudos Missionários - Oficina de Traduções Kumarajiva - 2013 -)