A Essência do Sutra de Amida

Há quase três mil anos, no norte da Índia, Buda Shakyamuni, fundador do budismo, residia em um belo bosque juntamente com seus discípulos. Dentre esses, haviam grandes discípulos já iluminados, pessoas simples do povo e até mesmo seres celestiais que vinham para ouvir os ensinamentos do Grande Mestre.

Em certa ocasião, o Buda diz, voltando-se para um de seus discípulos, mas com a intenção de ensinar a todos os presentes, que se nos voltarmos para a direção oeste, passando por milhares de milhões de universos, encontraríamos uma Terra Búdica chamada “Bem-Aventurança”, ou “Terra Pura da Suprema Alegria”.  E ali habita um Buda chamado Amida, o Buda da Vida e Luz de Sabedoria Infinita que está constantemente proclamando os ensinamentos que levam os seres à libertação da ignorância e dos sofrimentos ligados ao nascimento, velhice, doença e morte.

Shakyamuni preaching Amida Dharma

Disse o Buda que tal Terra Pura é chamada de Suprema Alegria, pois ali não existe o sofrimento e todos os seres alcançam a Iluminação.

Lá há árvores enfeitadas com vários tipos de joias, assim como o chão que é feito de ouro; há também lagos adornado com sete tipos de pedras preciosas, cheios de água das Oito Virtudes (pureza, frescor, suavidade, doçura, hidratação, revigoramento, apaziguamento da sede e nutrição). Nesses lagos existem flores de lótus tão grandes quanto rodas de carruagens e cada uma emite uma luz brilhante conforme sua cor.

Todos os dias, em seis ocasiões, cai uma leve chuva de pétalas de raras flores.

Pela manhã, os seres que habitam essa Terra Pura, colhem essas pétalas de flores e visitam as Terras de outros Budas, para ouvirem seus ensinamentos e louvá-los, jogando sobre eles tais pétalas.

A seguir, voltam para a Terra Pura onde desfrutam uma refeição e saem para um passeio pelos belos jardins, repletos de árvores de joias e lagos de lótus.

Nessa Terra Pura da Suprema Alegria há também muitos pássaros raros, de belas plumagens tais como gansos brancos, pavões, papagaios e até mesmo aves míticas que cantam sons melodiosos.

Esses cantos maravilhosos nos falam sobre as “Cinco Raízes do Bem”:

(1)   a confiança nas Três Jóias: Buda, Dharma e Sangha,

(2)    as Quatro Nobres Verdades que são: a constatação do sofrimento, a constatação da origem do sofrimento, a constatação da eliminação do sofrimento e o Nobre Caminho que conduz à libertação do sofrimento;

(3)   o esforço para a prática da bondade;

(4)   plena consciência do Dharma Verdadeiro pregado pelo Buda;

(5)   concentração e discernimento da natureza verdadeira da realidade.

Também nos falam sobre os “Cinco Poderes” que são obtidos com a prática das Cinco Raízes do Bem, também conhecidos como “Cinco Portões da Atenção Plena”:

(1) Veneração

(2) Louvor

(3) Aspiração

(4) Contemplação

(5) Transferência de Méritos

Bem como sobre as Sete Práticas que conduzem à Iluminação, que são:

(1) a distinção do Dharma verdadeiro em oposição às opiniões falsas;

(2) o esforço na prática do Dharma verdadeiro;

(3) o regozijo no Dharma verdadeiro;

(4) a eliminação da indolência e obtenção da tranquilidade e do repouso;

(5) a prática da plena consciência para manter o equilíbrio da concentração e do discernimento da natureza verdadeira da realidade;

(6) a prática da concentração

(7) o desapego mental dos objetos externos e consequentemente estabelecimento de uma mente serena.

Além de também nos falarem sobre o Nobre Caminho Óctuplo composto por:

(1)   visão correta,

(2)   pensamento correto,

(3)   palavra correta,

(4)   ação correta,

(5)   modo de vida correto,

(6)   esforço correto,

(7)   concentração correta

(8)   meditação correta.

Todos os seres da Terra Pura ao ouvirem esses cantos, se tornam conscientes do Buda, do Dharma e do Sangha. Nessa Terra Pura não existe nenhum tipo de sofrimento e todos os seres gozam de perfeita felicidade. Várias vezes durante o dia e a noite, sopra uma brisa suave fazendo tilintar as joias das árvores, produzindo um som maravilhoso como a música celestial e que faz lembrar o Buda, do Dharma e do Sangha.

O Buda Amida, Senhor dessa Terra Pura, é conhecido como o Buda da Vida e Luz Infinitas. Luz Infinita, pois seu corpo resplandece emitindo uma luz que brilha ilimitadamente e sem impedimentos por todos os mundos das dez direções, iluminando até mesmo os nossos corações. E, Vida Infinita, por que a sua vida prolonga-se por um período imensurável de tempo com o propósito de poder salvar a todos os seres sofredores, e vivificar a nossa existência.

Todos os seres renascidos nessa Terra Pura estão, pelo poder do Voto Original do Buda Amida, no estado de não retrogressão, ou seja, não mais caem nos estados ilusórios e de ignorância que levam ao sofrimento, e se tornarão Budas plenamente realizados em muito pouco tempo.

Não é pelo acúmulo apenas de boas ações ou estoque de méritos que os seres nascem nessa Terra Búdica, pois a capacidade dos seres viventes para isso é muito limitada. Mas sim, pelo poder do Voto Original do Buda Amida. Desse modo, qualquer pessoa que ouvir, guardar em seu coração e recitar o Sagrado Nome do Buda Amida, o Namu Amida Butsu, lá poderá renascer como seres iluminados.

Todos os Budas das 6 direções: (1) leste, (2) sul, (3) oeste, (4) norte, (5) zênite e (6) nadir, tão numerosos quanto os grãos de areia do Rio Ganges, louvam as virtudes do Buda Amida e juram proteger os praticantes do Nembutsu (os que recitam o Namu Amida Butsu). Por isso o Buda Shakyamuni exorta a todos a aspirarem ao renascimento nessa Terra Pura.

Shakyamuni declara que assim como ele também louva a virtude de todos os Budas, esses Budas também o louvam por ter atingido a Iluminação e pregado a Doutrina neste mundo das cinco corrupções: calamidades, opiniões errôneas, paixões mundanas, degeneração dos seres humanos e abreviação do tempo de vida.

Tendo assim proferido seu ensinamento, o Buda entrou em profunda meditação e seus discípulos o saudaram com alegria e se retiraram para espalhar pelo mundo a sua mensagem de paz, alegria e esperança.

Interpretação de Rev. Shaku Haku-Shin